domingo, 14 de dezembro de 2008

Brincando de ser crítica de Arte

Quem mais eu poderia escolher para fazer uma crítica a não ser o até então único professor de pintura que tinha? Maurício Takiguthi. Fui sincera em minha análise e surgiu isto, que entreguei a ele, há uns 5 anos:
Maurício Takiguthi é um artista que não é facilmente entendido por muitos, haja vista a arte, nas suas atuais correntes ter habituado o espectador a não procurar qualquer relação entre a imagem artística e a realidade existente, chegando mesmo a persuadir este espectador a recusar a relação, mesmo que alusiva, esmaecida, da verdade da obra de arte.
O individualismo da arte contemporânea, seu subjetivismo levado ao extremo, comprometem o olhar na arte figurativa, que é objetivado na relação da descrição do próximo, da sociedade e do ambiente reais.
Também aqueles que se opõem a admirar o empenho, o figurativismo e que tais, facilmente caem no erro de não “ler” as obras figurativas, não conseguindo extrair das telas de Maurício, o clima ou o estilo único, que tem a sua autentica razão de ser na cultura de então, que não hesita em estudar os Mestres do passado, Mestres da atualidade, que fez sua escolha nestes e naqueles segundo e seguindo o desenvolvimento de sua idéia e ideal, o figurativo, que vem ganhando vida em suas telas, sem receio de ser ou deixar de ser original, sendo ele mesmo, desenvolvendo seu estilo próprio.
Falta-nos uma bibliografia de Takiguthi. Sou sua aluna, sentindo-me uma privilegiada por o ser, nutrindo grande consideração e admiração por seu trabalho, quase que solitário neste Brasil. Tive a felicidade de ver sua primeira exposição individual, mostra que conseguiu congregar visitantes adeptos deste estilo, desta forma de analisar, criticar e apaixonar-se por sua arte figurativa.
Para que este universo possa se ampliar, é preciso remover a “antipatia” que o figurativismo desperta, oportuno dizer, por culpa de quem olha. Figurativo não é acadêmico. Não quero instituir um confronto, ou colocar no mesmo plano, estas tendências/estilos, mas não podemos continuar a nos distanciar sempre e sempre da realidade da beleza da arte figurativa de Takiguthi e outros. É um discurso que já nos chega desde a década de 50, 60 e nada muda no panorama brasileiro.
Mauricio nos faz ver o sol, o mar, a terra, a figura humana, como as vemos todos, com uma sensibilidade não filtrada, não adulterada.
A obra de Mauricio Takiguthi vale por si mesma. Colocando-me como crítica de críticos de arte, considero injusto que a grande ânsia, o enorme consumo por novidades de nossa época, nosso tempo, deixe de dar o devido valor à pintura deste artista, porque ao crítico resta o dever de reconhecer a arte aonde quer que se encontre, em qualquer forma que se manifeste, não interessa como alcance a cultura e o gosto, esquecendo as “tendências”, de contemporaneidade ou não.
Sua obra não é regulada por normas acadêmicas nem por um propósito ambicioso, mas é espontânea, e vai com certeza enraizar-se no terreno histórico. O amor pelos grandes Mestres de Takiguthi é o mesmo que o pelas pessoas e coisas que o cercam, é a atualidade que faz história e vice versa. De uma realidade imediata ele nos remete a uma mistura antiga, graças a seu intuito, guiado pela memória de visitas a museus, a estudos destes Mestres do passado e atuais. Persegue a matéria e a luz, um furor cromático e luminoso, consegue dar relevo à luz. É fiel a seus princípios, é único.
Sente a vida como fonte necessária das emoções, entende-a com franqueza, apreende o verdadeiro. Virtudes de Maurício Takiguthi.


Por Marina Vicari Lerario
Aluna

3 comentários:

Igor Busquets disse...

Olá! Tambmém sou aluno do Maurício e tomei a liberdade de usar parte do seu texto, num contexto um pouquinho diferente, administro um grupo de email de ilustradores e enviei a mensagem abaixo ao grupo:

Parte de texto extraído de blog, escrito por uma aluna como crítica da arte do próprio professor:


(...)Haja vista a arte, nas suas atuais correntes ter habituado o espectador a não procurar qualquer relação entre a imagem artística e a realidade existente, chegando mesmo a persuadir este espectador a recusar a relação, mesmo que alusiva, esmaecida, da verdade da obra de arte.
O individualismo da arte contemporânea, seu subjetivismo levado ao extremo, comprometem o olhar na arte figurativa, que é objetivado na relação da descrição do próximo, da sociedade e do ambiente reais.
Também aqueles que se opõem a admirar o empenho, o figurativismo e que tais, facilmente caem no erro de não "ler" as obras figurativas, (...), o clima ou o estilo único, que tem a sua autentica razão de ser na cultura de então, que não hesita em estudar os Mestres do passado, Mestres da atualidade, que fez sua escolha nestes e naqueles segundo e seguindo o desenvolvimento de sua idéia e ideal, o figurativo, que vem ganhando vida em suas telas, sem receio de ser ou deixar de ser original (...)

Para que este universo possa se ampliar, é preciso remover a "antipatia" que o figurativismo desperta, oportuno dizer, por culpa de quem olha. Figurativo não é acadêmico. Não quero instituir um confronto, ou colocar no mesmo plano, estas tendências/estilos, mas não podemos continuar a nos distanciar sempre e sempre da realidade da beleza da arte figurativa. É um discurso que já nos chega desde a década de 50, 60 e nada muda no panorama brasileiro.

Colocando-me como crítica de críticos de arte, considero injusto que a grande ânsia, o enorme consumo por novidades de nossa época, nosso tempo, deixe de dar o devido valor à pintura deste artista, porque ao crítico resta o dever de reconhecer a arte aonde quer que se encontre, em qualquer forma que se manifeste, não interessa como alcance a cultura e o gosto, esquecendo as "tendências", de contemporaneidade ou não.

Sua obra não é regulada por normas acadêmicas nem por um propósito ambicioso, mas é espontânea, e vai com certeza enraizar-se no terreno histórico.

Por Marina Vicari Lerario
Aluna de Maurício Takiguthi

Igor Busquets disse...

ops, esqueci de dizer q o titulo da mensagem foi "Crítica aos críticos", esse é o contexto em que encaixei seu texto, muito legal suas palavras, vc escreve muito bem;

marina vicari lerario disse...

Igor, obrigada. De vez em qdo me dá 1 click e sai algo, em outras circunstâncias nada sai, nem espremendo. Em q dia vc estuda? Então vc é ilustrador... É por isso que sua foto está assim lindinha? Pensei ser trote e nem te segui. Vou checar com o mestre.